Por décadas, o transporte aeroviário foi caracterizado pela elitização de seus usuários. Hoje, não é bem assim.
É natural, durante um voo, sentarem, lado a lado, um executivo de uma grande empresa e alto salário mensal - vestido de terno, gravata e sapatos importados, deslocando-se para mais uma viagem de negócios -, e um trabalhador assalariado, de short, camiseta e sandália, que ainda está pagando a primeira de dez parcelas do bilhete aéreo promocional, dividido no cartão de crédito.
Transformação
Essa transformação radical vivenciada pelo setor, sobretudo, na última década, é reflexo da evidente democratização do serviço de transporte aéreo brasileiro. Isso tudo chega a ser bonito, histórico e lucrativo, mas, infelizmente, não significa apenas notícias boas. A verdadeira "farra" de facilidades oferecidas pelas companhias alinhada a um longo período anterior de inércia dos investimentos públicos na infraestrutura aeroportuária deixaram à mostra uma série de "sujeiras", que antes estavam quietinhas, ali paradas por debaixo do tapete. Além disso, a consolidação da nova classe média brasileira, com todos os seus reprimidos potencial e desejo de consumo, incrementou esse contraste ao extremo.
Ironicamente, por falta de planejamento, a "ressaca" chegou e (violentamente) arrebentou as então frágeis estruturas de alicerce do setor, deixando abertas, dessa forma, as feridas não cicatrizadas dos aeroportos nacionais, antes despercebidas por meio da cortina que cobria o uso selecionadíssimo desse meio de transporte.
Problema complexo
A mudança no perfil dos usuários do serviço foi a força motriz para deixar à vista um cenário conflitante e contribui sobremaneira para que o segmento desembocasse em um complexo problema para o País, que, agora, se vê correndo contra o tempo perdido. Não por coincidência essa dinamite está explodindo no momento em que a aviação comercial brasileira vive o seu ápice. Por esse motivo, o Diário do Nordeste publica hoje a segunda parte da série "Raio X dos Aeroportos", a partir das situações encontradas pelos repórteres do Jornal, que percorreram mais de três mil quilômetros, entre os mais importantes aeroportos das cidades nordestinas escolhidas para sediar partidas da Copa do Mundo do Brasil de 2014.
Fonte: Jornal Diário do Nordeste
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