domingo, 1 de maio de 2011

0 RN: Entorno do aeroporto atrai negócios



Em São Gonçalo do Amarante, a área no entorno do novo aeroporto ainda em construção, é um grande matagal. Só uma estrada de barro dá acesso ao local onde – bem devagar – vem sendo erguido o que poderá ser “o novo portão de entrada da Europa e da África” na América Latina. Mas, daquele descampado, cada pedaço está a venda (com exceção da Área de Proteção Ambiental e de segurança aeroportuária). Tem muito estrangeiro comprando terrenos em São Gonçalo do Amarante.  E brasileiros, também. Pequenos construtores encontraram no município da região metropolitana de Natal um nicho de mercado bastante promissor. O número de alvarás de construção concedidos pela Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo de São Gonçalo do Amarante serve como termômetro da movimentação. Em 2008, foram expedidos 54 alvarás de construção, número que subiu para 2.209 em 2010, representando um aumento de 3.990%.

O desafio da Prefeitura, segundo Hélio Duarte, secretário de Meio Ambiente e Urbanismo, tem sido disciplinar o processo de urbanização e manter a Área de Proteção Ambiental e as áreas de segurança aeroportuária livres dos investidores. Acompanhando a procura, o preço dos lotes também subiu. Em determinados bairros, lotes de 200 metros, que custavam R$5 mil há dois anos,  estão custando mais de R$30 mil atualmente, segundo o secretário. Lei da oferta e da procura. “Não existe nada que não esteja à venda. Basta chegar com o dinheiro”, afirma Hélio.

De acordo com matéria publicada na revista Você s/a, em outubro de 2010, pelo menos 60% dos terrenos no entorno do aeroporto já haviam sido vendidos para grupos estrangeiros, interessados na proximidade geográfica de Natal com a Europa e com a África. Algumas empresas, entre elas o  grupo norueguês Brazilian Development, já haviam formalizado suas intenções com o governo do estado, segundo a matéria. O secretário de Meio Ambiente e Urbanismo de São Gonçalo, Hélio Duarte, contesta este dado. Segundo ele, não é possível precisar quantos investidores já compraram terrenos em São Gonçalo, quantos terrenos adquiriram (e que percentual isso representa) nem quanto isso gerou em negócios.

A chegada dos investidores, motivada pelo crescimento da economia nacional, se intensificará com a conclusão do novo aeroporto, considerado o maior da América Latina e o primeiro a ser administrado pela iniciativa privada no Brasil. “O aeroporto vai gerar uma demanda por serviços muito grande, atraindo várias empresas”, confirma o secretário.

Hoje, a cidade recebe investimentos de empresários portugueses, italianos, espanhóis, norte-americanos, chineses, romenos, israelenses. A maioria atua no ramo da construção civil. Alguns grupos, segundo Hélio Duarte, estão adquirindo lotes próximo ao aeroporto com a pretensão de construir galpões e já consultaram a Prefeitura sobre a instalação de um condomínio industrial. A própria Prefeitura está desapropriando uma área de 750 mil metros próximo a Via Metropolitana de Natal para instalar um distrito empresarial, que reunirá empresas dos ramos comercial, industrial e de serviço, e dá ao menos uma ideia de como será São Gonçalo daqui a dez, 20 anos.   

Edital é esperado para a segunda semana de maio

O Aeroporto de São Gonçalo do Amarante começou a ser construído pela Infraero há cerca de 14 anos, período em que vem sendo executados serviços como terraplanagem, drenagem e pavimentação. Ao investidor que receber a concessão do empreendimento caberá, entre outras obras, as dos terminais de cargas e passageiros. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) estima que a empresa deverá investir R$ 426 milhões nessa etapa, dos quais 50% deverão ser consumidos somente pelo terminal de passageiros. A concessão terá validade de 28 anos. Três deverão ser dedicados à construção e 25 à exploração do aeroporto. A estimativa da Casa Civil é que no segundo semestre de 2011 o vencedor da licitação assuma o canteiro de obras.

O edital, segundo a Procuradoria Geral do Estado, que acompanha o processo de perto, deve ser lançado na segunda semana de maio. A previsão é que o aeroporto seja leiloado em julho, segundo o diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Rubens Vieira. O aeroporto, que serve de modelo para todo o País,  será o primeiro administrado pela iniciativa privada e não pela Infraero no Brasil. “O leilão de São Gonçalo vai testar o modelo de concessão de aeroportos no Brasil. É muito importante que ele seja um sucesso”, disse Vieira,  durante o Seminário Internacional de Concessão de Aeroportos, realizado no início do mês, em São Paulo.

O governo federal vai lançar editais propondo a concessão dos aeroportos de Guarulhos, em São Paulo, e Brasília, no início do mês de maio, seguido de Campinas, até o final do mês, e, por último, em final de junho ou início de julho, de Confins, em Belo Horizonte e Galeão, no Rio de Janeiro. As concessões serão exclusivas para obras de ampliação dos terminais, não incluindo a exploração de espaços já administrados pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Portuária (Infraero), e deverão, segundo Flávio Azevedo, presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte, ser lançados após o de São Gonçalo do Amarante, no RN. Este modelo vinha sendo pleiteado pela iniciativa privada há muito tempo.

Fonte: Tribuna Do Norte

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