quarta-feira, 26 de outubro de 2011

0 Batalhão de Engenharia promete entregar obra do aeroporto antes do prazo

Diego Calvo



Sob comando do coronel engenheiro Carlos Alberto Maciel Teixeira, um destacamento de 137 militares do 6º Batalhão de Engenharia de Construção do Exército está vencendo a guerra contra o déficit de infraestrutura decorrente de uma década de atraso na reforma do Aeroporto de Guarulhos, o maior do País.
O contingente gerencia o trabalho de sete empreiteiras privadas e um total de 1.100 funcionários em duas missões fundamentais: a reforma da pista principal (3.700 metros) e a gigantesca obra de terraplenagem do novo pátio de estacionamento de aeronaves do futuro Terminal Três (TPS-3) – uma área de 300 mil m2.
E o mais importante: do orçamento total, de R$ 430 milhões, o coronel Teixeira promete economizar nada menos que R$ 150 milhões. E mais ainda: as obras de terraplenagem, previstas para terminar em 23 meses (começaram em agosto), serão entregues até seis meses antes.
“O pessoal do TCU (Tribunal de Contas da União) tem acompanhado tudo e está muito satisfeito” disse o coronel na quinta-feira, no canteiro das obras, em entrevista exclusiva ao Diário de Guarulhos.
O comentário não poderia ser mais sintomático. Nos últimos quatro anos, a maior parte das obras tocadas pelo Infraero ou foi barrada pelo TCU ou contestada pelo Ministério Público. Foi por causa disso, aliás, que o Exército assumiu a missão.
Por ordem expressa da presidente Dilma Roussef, um acordo de cooperação técnica entre o Exército e a Infraero, foi assinado em maio, dando prosseguimento a um entendimento anterior.
“Foi uma decisão acertadíssima. Tenho acompanhado as obras sistematicamente, o que me leva a reconhecer a capacidade, agilidade e organização do Exército para entregar no prazo mais rápido as pistas reformadas, pátio ampliado e o Terceiro Terminal. Com isso, a capacidade do Aeroporto subirá para 52 milhões de passageiros/ano”, disse o deputado estadual Alencar Santana (PT), um dos principais interlocutores dos militares.
A visita do DG às obras ocorreu no mesmo dia (20) em que funcionários em greve da Infraero realizavam atos de protesto contra o plano de concessão do Aeroporto à iniciativa privada, o que deverá ocorrer após leilão programado para o fim do ano.
Em flagrante contraste com a disposição de greve, as obras tocadas pelo Exército seguiam a todo vapor.
Das 6h da manhã às 8h da noite, de segunda a sábado, e, quando necessário, aos domingos, o movimento de 17 escavadeiras, centenas de caminhões e 1.100 trabalhadores civis é intenso.
“Missão é missão”, diz Coronel
O que chama atenção no “teatro de operações” no Aeroporto é o ânimo da tropa que forma o chamado “Destacamento Guarulhos”. Além do coronel Carlos Alberto Maciel Teixeira, há outros nove oficiais engenheiros (um major, capitães e tenentes) e uma centena de soldados.
“Para o militar, missão é missão”, disse o coronel, cuja experiência em engenharia de construção é respeitável. Ele já participou de tarefas bem mais árduas, como a missão militar brasileira no Haiti, e em áreas delicadas, como a instável fronteira com a Venezuela de Hugo Chávez, na região de Boa Vista, na Amazônia.
Carioca, botafoguense, 52 anos, casado, um filho de seis anos, formou-se na Academia Militar de Agulhas Negras e integra o 6º BEC (Batalhão de Engenharia de Construção). Seu batalhão também participa de obras nos aeroportos de Natal (RN) e São Luís (MA).
Foi também prefeito das vilas militares do Exército em Brasília, onde mora sua família, tendo a tarefa de administrar cerca de 4 mil casas e apartamentos. “Para os nossos padrões, o serviço aqui pode ser considerado uma moleza. Guarulhos tem de tudo. É possível até receber a visita da família”.
Os militares estão acantonados em alojamentos espartanos, no final da Rodovia Hélio Smidt, enquanto os trabalhadores civis contratados residem, na maioria, no município.
O coronel fez questão de que as contratações fossem feitas na cidade. “Queremos prestigiar a cidade. Aliás, se o Brasil vai ganhar com os incrementos no Aeroporto, Guarulhos vai ganhar mais ainda”.
Obra ajuda a aperfeiçoar a engenharia militar do País
As duas obras tocadas pelo Exército no Aeroporto fazem bem ao 6º BEC. Por suas dimensões, elas servem para o aprendizado da tropa de engenharia.
“Faz parte de nosso adestramento, nunca fizemos um trabalho dessa envergadura. O Exército executa cerca de 200 obras de engenharia no País. Comparável a esta, só na BR 101”, disse o coronel Teixeira.
A BR 101 liga o Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. O Exército faz a duplicação de um trecho de 400 km, no Nordeste.
Já em Guarulhos, impressiona o gigantismo da área do pátio em construção, que vai dobrar a capacidade do espaço de taxiamento de aeronaves. Os aviões irão se acoplar aos fingers do futuro TPS- 3. São 300 mil metros quadrados, dez vezes maior do que o Itaquerão.
Uma das tarefas do Exército consiste em remover um milhão de metros cúbicos de terra e mato, perto do Jardim Novo Portugal, e colocar 1,5 milhão de metros cúbicos de pedra, em camadas.
Depois, asfalto e cimento. “É obra para durar um século”, prevê o militar. Um avião de porte chega a 200 toneladas.
Para facilitar o fluxo de caminhões, o Exército construiu até uma ponte temporária, tipo Bailey, em estrutura pré-fabricada. A terra removida está sendo levada a diversos locais, procurando respeitar os critérios ambientais corretos. “Esse aspecto é um dos mais difíceis”, reconhece o coronel.
A outra tarefa é a reforma da pista principal, prevista para novembro - um mês antes do prazo. O trecho em obras tem 1.060 m de comprimento por 45m de largura.
Concluída, a pista ficará com 3.700 m. Tecnicamente, segundo critérios internacionais, por uma diferença de apenas 10 m na largura, só não poderia receber o novo Airbus A-380, o maior avião comercial do mundo. Na prática, também esse aparelho poderá pousar em Guarulhos.
A pista foi fresada e receberá asfalto novo. As caixas de drenagem agora estão limpas. Depois, virão o grooving (as ranhuras para facilitar a frenagem), pintura e iluminação. Mais tarde, o restante da pista também será reformado.
O futuro Terminal Três ainda está longe e, em princípio, não caberá ao Exército. Hoje, no local, só há mato e terra. Mas o coronel Teixeira já avisou que, se for preciso, sua tropa estará pronta para construí-lo.
Ninguém recebe pelo que não fez
O Exército adota a mesma disciplina e controle típicos da caserna para controlar os custos e a administração das obras.
“O tribunal de contas deve estar contente, pois vamos economizar cerca de R$ 150 milhões em relação ao orçamento de R$ 430 milhões previsto inicialmente”, informou orgulhosamente o executivo fardado.
O controle das empreiteiras é dividido entre os oficiais. “Monitoramos tudo: a entrada e saída de caminhões, quantidade de material, normas de segurança. Ninguém recebe pelo que não fez”, disse o coronel, com um discreto sorriso.
O patrono da Arma da Engenharia é o tenente-coronel João Carlos de Vilagran Cabrita, que, no dia 10 abril de 1866, liderou o vitorioso combate que levou à conquista da Ilha de Redenção, no Rio Paraná, durante a Guerra do Paraguai. Morreu em combate.


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