terça-feira, 12 de julho de 2011

0 Na fusão com a LAN, TAM dá o melhor retorno para o acionista



Nos cinco dias em torno do anúncio do negócio, retorno ao investidor beirou os 30% e transação leva o prêmio da categoria

Buscar uma alternativa que lhe permita retomar a trajetória de crescimento e fortaleça a empresa em um momento em que o mercado doméstico de aviação cresce em média 28% ao ano. Essa foi a motivação da TAM Linhas Aéreas para buscar uma parceria junto a chilena LAN, em 2010.

O acordo, ainda pendente de aprovação, prevê uma oferta pública de permuta de ações, com o objetivo de cancelar o registro de companhia aberta da empresa brasileira. A operação envolverá as ações preferenciais, aquelas sem direito a voto, em circulação - incluindo as detidas pelos controladores da TAM. Também englobará as ordinárias, até o limite de 20%, conforme determina a lei brasileira. Os acionistas parecem ter gostado. Pelo menos na época do anúncio da fusão, os ganhos dos detentores dos papéis beiraram os 30%, segundo os critérios estabelecidos pelo Insper, o que levou a TAM a ganhar o prêmio de Melhor Retorno ao Acionista do Prêmio Negócio do Ano iG/Insper.

Caso a operação seja aprovada, o nome da nova empresa será LATAM Airlines Group. A TAM deterá 30% do capital da nova empresa. As companhias aéreas continuarão operando com as marcas existentes e sob suas próprias certificações de operação. A união resultará em um grupo que será uma das dez maiores empresas aéreas do mundo, oferecendo serviços de transporte de passageiros e carga para mais de 115 destinos em 23 países, operando uma frota de mais de 280 aeronaves e empregando mais de 40 mil pessoas. O negócio deve gerar sinergias anuais de aproximadamente US$ 400 milhões, preveem as duas companhias.

Anúncio de união com LAN foi bem bem avaliado pelo mercado

A transação recebeu autorização prévia da Agência Nacional de Aviação Civil do Brasil (Anac), mas continua sujeita à aprovação de outras entidades governamentais do Brasil e do Chile. No momento, encontra-se em análise pelo tribunal chileno de defesa da livre concorrência. “Estamos confiantes na aprovação da fusão com a LAN pelo TDLC (Tribunal de Defensa de la Libre Competencia, do Chile) e continuaremos empenhando todos os nossos esforços na criação da LATAM, que será um dos maiores grupos de companhias aéreas do mundo, com inúmeros benefícios para nossos clientes e nossos países. Essa fusão é fruto de uma visão estratégica de que a consolidação da aviação comercial no mundo é inexorável”, diz Marco Antonio Bologna, presidente da holding TAM S.A. A TAM já decidiu que, caso o negócio com a LAN tenha de ser desfeito, irá procurar outro parceiro para união semelhante.

O acordo é promissor, porque dá uma visibilidade internacional para a empresa, aumenta seu número de rotas e oferece vantagens inexistentes no Brasil, afirma Fernando Góes, analista do home broker Rico (antiga Link Trade). Segundo Góes, o acordo vai dar à empresa brasileira a possibilidade de usar pelo menos em parte o sistema tributário do Chile, mais favorável que o brasileiro.

Além disso, o segmento da aviação é um dos mais promissores para os próximos anos, podendo crescer em taxas superiores às atuais ou manter o nível de crescimento por alguns anos. Eventos como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, servirão de combustível para essa expansão, afirma Góes. Na visão do analista, a TAM é uma empresa que atua num segmento arriscado por natureza, mas apresenta consistência e possui bons fundamentos econômicos e financeiros.

Para a empresa, um fator que deve agregar novos ganhos é a ampliação do grupo de usuários da aviação doméstica. “Em 2010, constatamos uma mudança no perfil de passageiros, com a migração de viajantes de ônibus para o transporte aéreo, principalmente em viagens acima de 800 quilômetros. Em linha com essa tendência, ainda em 2010 iniciamos nosso projeto de varejo, pois acreditamos que grande parte do crescimento do setor de aviação civil nos próximos anos será proveniente das classes emergentes que voarão pela primeira vez”, afirma Líbano Barroso, presidente da TAM Linhas Aéreas.

Para conquistar esse público de passageiros entrantes, a TAM desenvolveu ações em três frentes: comunicação (campanha publicitária e outras ações); canais de venda (em que as parcerias com as Casas Bahia e as empresas de ônibus Pássaro Marron e Princesa do Agreste ocupam papel relevante); e meios de pagamento (a TAM é a empresa aérea que oferece o maior número de possibilidades de pagamento, e as iniciativas do projeto incluem novidades como o parcelamento no cartão Itaú e no cartão Casas Bahia).

Líbano Barroso, presidente da TAM, diz acreditar no crescimento da demanda das classes emergentes
A TAM aposta ainda nos horários fora do pico (off peaks), quando não há restrição de slots (autorização do número de pousos e decolagens no aeroporto concedida à companhia aérea pela autoridade aeroportuária), para conquistar uma fatia dos estimados 80 milhões de consumidores emergentes. A ideia, portanto, é manter a alta qualidade dos serviços, oferecendo passagens aéreas de 15% a 20% mais baratas em horários fora do pico.

A companhia é líder tanto no mercado doméstico de aviação civil, com participação de 42,5%, e no segmento das empresas aéreas brasileiras que operam voos internacionais, com participação de mercado de 86,6%, acumulados nos quatro primeiros meses de 2011. Como 75% dos passageiros da TAM viajam a negócios, eles se concentram entre 7h e 10h e entre 16h e 20h. Os passageiros que procuram preços mais baixos, portanto, podem voar no começo da tarde e à noite.

Segundo estudos da companhia realizados em parceria com instituto Data Popular (2010), cerca de 50% da população brasileira pertencente à classe C está na região sudeste do País, sendo, a maioria, migrantes que vieram das regiões Norte e principalmente Nordeste, a partir da década de 1980. A maior procura de viagens por parte desses passageiros tem como origem a região Sudeste (principalmente São Paulo e Rio de Janeiro) e, como destino, o Nordeste (Bahia, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte são os mais procurados).

Em 2007, a empresa passou a explorar negócios ligados à área principal, de transporte de passageiros. Além da TAM Cargo, à época já estruturada como unidade de negócios, foram avaliados o Programa TAM Fidelidade e a unidade de MRO (Maintenance, Repair and Overhaul). Criou também o Multiplus Fidelidade, que atua com o conceito de rede de empresas e programas de fidelização. Lançado em junho de 2009 como uma unidade de negócios da TAM, em outubro do mesmo ano tornou-se uma companhia independente e em fevereiro de 2010 abriu o capital, com ações negociadas na BM&FBovespa. Em levantamento realizado pela consultoria BrandAnalytics as marcas Multiplus e TAM ficaram entre as 25 mais valiosas do país em 2010. A marca TAM é a mais valiosa do setor aéreo e aparece na 15ª posição do ranking, enquanto a Multiplus está na 21ª.

Com um retorno extraordinário de 29,5% em cinco pregões em torno da data do anúncio, a empresa conquistou o primeiro lugar na categoria Melhor Retorno ao Acionista na primeira edição do Prêmio Negócio do Ano iG/Insper. “Este prêmio representa o reconhecimento de nosso comprometimento com as melhores práticas de governança corporativa e responsabilidade social, assim como de nossos esforços na geração de valor para nossos acionistas”, afirma Bologna.



Fonte: Ana Cláudia Landi, especial para o iG

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