Apesar dos esforços e investimentos de mais de R$ 1,4 bilhões para a instalação do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), uma complexa rede de radares, satélites e equipamentos de vigilância, controle e comunicação, voar na Amazônia - um lugar onde as grandes distâncias tornam o transporte aéreo um meio mais comum de locomoção que no restante do País - ainda é complicado e perigoso. Pilotos dizem que o sistema funciona, mas ainda existem pontos cegos, onde não há comunicação. Entretanto, para eles, os maiores perigos são a falta de estrutura dos aeroportos da região.
Nos primeiros nove anos da década passada, foram registrados 71 acidentes no Norte do País, sendo que mais 83% envolviam táxis aéreos e aviação geral (agrícolas, policiais, e particulares). Mais recentemente tiveram grande repercussão nacional a explosão de uma aeronave em maio de 2010, que matou seis pessoas, entre elas a secretária de educação do Estado do Amazonas, Cintia Régia Gomes do Livramento, e a queda de um avião na semana passada, que matou mais sete pessoas, entre elas o dono da empresa de táxi aéreo Amazonaves e sua família.
O presidente da Associação Brasileira de Táxis Aéreos (Abtaer), Milton Arantes, diz que voar na região é um desafio. "As dificuldades são muito grandes em relação ao resto do País. Existem mudanças climáticas severas e abruptas", diz. Ele afirma que o Sivam melhorou muito a navegabilidade na região, mas confirma que ainda existem falhas. "Depois do acidente do voo da Gol (que matou 149 pessoas em 2006), as condições melhoraram bastante, mas ainda existem alguns pontos que você não consegue falar dependendo do nível que vocês está voando, se for mais alto, você consegue falar, mas se estiver baixa, perde um pouco da capacidade de comunicação", explica.
Ele conta que sua empresa faz voos diários saindo de Mapacá, capital do Amapá, em direção ao Oiapoque, no extremo norte do Estado, em um voo no qual a única alternativa em caso de problema é voltar para a capital. "É extremamente complicado. Você tem que estar sempre a frente dos problemas, isso é uma regra geral da aviação, o piloto estar na frente do problema, mas na Amazônia isso se agrava".
A falta de estrutura dos nos aeroportos, principalmente do interior, também são dos desafios da aviação amazônica com problemas nas pistas de pouso, que criam buracos rapidamente, até mesmo por questões geológicas da região, faltam peças de reposição e combustível. Essas são algumas das reclamações feitas pelo proprietário da empresa acreana Rio Branco Táxi Aéreo Silvio Abílio Almeida Lima.
"O amanhã parece que é uma coisa que não vai existir. As pistas são pequenas, o piso é ruim, e acontecem essas porcarias", diz ele ao comentar sobre acidentes na região. "A pista aqui de Rio Branco é uma droga, está em reforma direto, há mais de um ano estão reformando, uma coisa mal feita. Já no Amazonas, em Rondônia, não acontece isso, talvez pelo tipo de terreno ou pelas pessoas que administram o Estado".
No entanto, ele diz que hoje as aeronaves são bem equipadas com GPS, que além de ajudar na navegação, ajuda na economia de combustível. "Antes dava um mau tempo, você tinha que sair, baixar e procurar um lugar para pousar". Hoje, segundo o comandante, o acompanhamento por radar e a comunicação funcionam bem, mas tem falhas. "Alguns setores tem alguma dificuldade, mas é por pouco tempo, cinco, 10 minutos... não tem dificuldade como era antes".
Apesar dos problemas, o presidente da Abtaer diz que a situação é bem melhor do que há tempos atrás, quando os aviadores se formavam em garimpos. Ele diz que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) tem ouvido as solicitações da categoria e trabalha para coibir problemas como os táxis aéreos clandestinos.
Fonte: Terra
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