Em meio a discussões sobre a escolha de um modelo de concessão para os aeroportos brasileiros, o governo terá que encontrar uma solução para os 47 aeroportos deficitários de um total de 67 administrados pela Infraero. O sistema aeroportuário brasileiro se sustenta com a transferência de recursos de operações superavitárias para as deficitárias. Essa conta fechou no azul em 2010, com uma sobra de R$ 722 mil, número que passa longe da necessidade de investimentos nos aeroportos brasileiros.
O maior rombo está nos aeroportos do interior. Com exceção de Paulo Afonso (BA) e Juazeiro do Norte (CE), que por pouco financiaram sua própria operação, todos os outros localizados em municípios do interior deram prejuízo. Mas nas capitais também há problemas. Em Aracaju, Porto Velho e João Pessoa, por exemplo, as despesas também superaram as receitas.
A manutenção da infraestrutura aeroportuária requer uma demanda mínima de voos, capaz de financiar equipamentos de raio-X, trabalhadores e a manutenção da pista, por exemplo. Muitas cidades brasileiras ainda não alcançaram este patamar.
“É por isso que é importante manter a Infraero. Porque o setor privado não vai se interessar por estes aeroportos e, sem a administração do Estado, eles vão acabar”, afirma o ex-ministro da Aeronáutica e especialista em aviação, Mauro Gandra.
Procurada pelo iG, a Infraero não se pronunciou.
O uso de recursos de aeroportos lucrativos para financiar os deficitários não é unanimidade entre os especialistas. Uma das entidade que critica a prática é a Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo, na sigla em inglês).
Para a associação, o financiamento cruzado consome recursos que deveriam ser reinvestidos nos aeroportos mais movimentados. “Essa prática esta crescendo e inibindo os investimentos para melhorar a eficiência dos aeroportos”, afirma a entidade, em relatório.
Veja quais aeroportos das principais cidades brasileiras são superavitários ou deficitários (2010)
Cidade Superávit/Déficit
São Paulo/Guarulhos R$ 379.322,90
São Paulo/Congonhas R$ 111.108,20
Campinas R$ 87.187,70
Manaus R$ 44.435,30
Curitiba R$ 41.732,40
Brasília R$ 30.176,40
Porto Alegre R$ 29.062,60
Belo Horizonte R$ 26.722,10
Salvador R$ 24.574,40
Rio de Janeiro/Galeão R$ 16.314,40
Recife R$ 15.622,50
Fortaleza R$ 13.647,50
Goiânia R$ 11.895,90
Rio de Janeiro (Santos Dumont) R$ 9.174,10
Vitória R$ 7.376,10
Florianópolis R$ 6.635,70
Natal R$ 2.084,80
João Pessoa R$ -833,80
Teresina R$ -1.041,90
Cuiabá R$ -1.773,10
Campo Grande R$ -1.978,90
Maceió R$ -2.205,40
Porto Velho R$ -2.211,30
Palmas R$ -2.949,30
São Luís R$ -3.588,90
Aracaju R$ -3.802,70
Boa Vista R$ -6.737,00
Macapá R$ -9.323,80
Belém R$ -11.860,60
Fonte : IG Economia
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