O Aeroporto Municipal Francisco Álvares de Assis, o Serrinha, poderia ter transportado dez mil passageiros a mais no ano passado, se não houvesse tantos cancelamentos de voos. Segundo balanço divulgado ontem pela Prefeitura, em audiência pública na Câmara Municipal, cerca de 30 mil passageiros utilizaram o aeroporto em 2010. O número é 76,5% maior do que o contabilizado em 2009 (17 mil). Por mais de duas horas, os vereadores criticaram os atrasos e os cancelamentos frequentes e cobraram regularidade nas operações. A Prefeitura destacou os investimentos no setor, e as companhias aéreas reivindicaram melhorias em infraestrutura e segurança.
O vereador Flávio Cheker (PT) apontou os prejuízos aos usuários e cobrou do Poder Público melhorias, como esteira para bagagem, considerada o "símbolo da discussão", e caminhão de bombeiros, exigência da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Já o vereador Júlio Gasparetti (PMDB) destacou a perda de compromissos e negócios em função da inconstância da operação. Os dois solicitaram a audiência, e os integrantes da Comissão de Urbanismo e Transporte da Câmara, juntamente com técnicos da Prefeitura e representantes da sociedade organizada, ficaram incumbidos de buscar uma solução para os problemas existentes.
Ontem, a Prefeitura divulgou que conclui, nos próximos dias, o edital para adquirir equipamento de inspeção de bagagem por raio X . O processo licitatório, com valor estimado de R$120 mil, deve ser realizado em maio. A disponibilização é um dos requisitos necessários para a instalação da Azul Linhas Aéreas, que trabalha com aeronaves maiores (com mais de 70 assentos), exigindo a reclassificação do aeroporto de nível três para cinco.
O secretário de Planejamento e Desenvolvimento Econômico, André Zuchi, afirmou que a esteira está sendo cotada. Sobre o caminhão, destacou os esforços junto ao Governo estadual para viabilizá-lo. O custo estimado chega a R$ 2 milhões. Zuchi falou da preocupação com o controle da expansão urbana na região, a ampliação da zona de proteção de ruído e a ameaça de a Anac descredenciar o aeroporto, caso exista crescimento desordenado na região. Ele confirmou o interesse de a Azul atuar na cidade, em função do crescimento da demanda, e disse que houve cobrança formal junto à Pantanal sobre os atrasos e os cancelamentos frequentes.
O gerente da Pantanal no aeroporto, Victor Jardim de Vasconcelos, admitiu que chegou a Juiz de Fora em janeiro ciente dos problemas existentes. Ele não divulgou números, mas afirmou que o serviço prestado já melhorou, embora ainda esteja "longe do ideal", como disse. Os atrasos e os cancelamentos foram atribuídos a readequação da empresa e manutenção não programada, além de questões meteorológicas. Victor reclamou das condições de trabalho, fazendo críticas a falta de climatização, vigilância, sistema de som na sala de embarque e atualização do sistema de informação visual.
O gerente local da Trip, Luciano Diniz, destacou a regularidade dos voos e atribuiu atrasos a motivos meteorológicos. Endossou as críticas à falta de segurança e reclamou das instalações usadas pela empresa. Diniz afirmou que a Trip tem interesse em operar com aeronaves maiores no Serrinha, caso exista a reclassificação. Cobrou a aquisição de um tetômetro, equipamento utilizado para avaliar a altura máxima que uma aeronave pode voar em segurança, e considerou o Serrinha "problemático quanto à questão meteorológica".
O responsável técnico pelo aeroporto, João Vanderlei Calazans, dimensionou o crescimento de 53% no movimento mensal de aeronaves, de 293 em 2007 para 450 este ano, e do número de passageiros, que pulou de 1.152 para 2.496 no mesmo período, alta de 116%. Segundo Calazans, até o final do mês, o Serrinha contará com operação por GPS nas duas cabeceiras. Outras ações previstas para 2011 são circuito interno de TV e treinamento em caso de acidente aeronáutico. O gerente do Serrinha, Cipriano Magno de Oliveira, disse que estão sendo tomadas providências em relação à segurança. De acordo com ele, o sistema de som também será implementado. O tetômetro reivindicado foi considerado desnecessário.
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