Antes mesmo de o governo federal decidir pelo modelo de concessão no setor aéreo, anunciado terça-feira pelo ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, várias empresas já vinham se movimentando para formar parcerias no mercado. No grupo dos principais interessados estão grandes construtoras nacionais como Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Carioca, além de multinacionais, como a espanhola OHL.
A ideia é se associar com operadoras estrangeiras, experientes no setor. A lista inclui a Aéroports de Paris (que administra o Charles de Gaulle e Orly), a alemã Fraport (gestora do aeroporto de Frankfurt) e a espanhola Aena, de Madri. Segundo fontes do mercado, a administradora de Paris já fechou parceria com o Grupo Carioca; já a empresa de Frankfurt estaria em conversas avançadas com a Andrade; e a OHL com a Aena. Procuradas, as empresas disseram que não vão falar sobre o assunto.
A Odebrecht também tem demonstrado interesse pelo setor. Há mais de dois anos, técnicos da companhia estudam oportunidades no segmento, mas não consideram todas potencialmente lucrativas. Um dos terminais que mais despertam interesse da empresa é o Galeão, no Rio, que já tem investimentos da Infraero em curso e capacidade ociosa.
Outra companhia que tem estudado oportunidades é a CCR, que se tornou um dos maiores grupos de concessão da América Latina em operações como a Ponte Rio-Niterói, Nova Dutra, Bandeirantes e Anhanguera. A empresa tem Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa entre os principais acionistas e controla mais de 2,5 mil quilômetros de rodovias no País.
Para especialistas, o que não falta é investidor em busca de oportunidades no setor. Os primeiros olhares foram atraídos pela concessão do aeroporto São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, ainda em andamento. Mas as grandes companhias não estão interessadas apenas em um projeto pequeno como esse. "Elas precisam de uma porta de entrada para depois se candidatarem a projetos maiores de ampliação dos aeroportos", avalia Fernando Albino, da Albino Advogados Associados. Na avaliação dele, a decisão anunciada pelo governo é um passo atrasado, mas positivo.
A opinião é compartilhada pelo advogado da Manesco. Ramires, Perez. Azevedo Marques, Floriano de Azevedo Marques. Segundo ele, as concessões são uma alternativa para reduzir os gargalos aéreos não apenas para as cidades da Copa do Mundo, mas para todo o País. "Essa decisão veio em boa hora. O tempo está apertado, mas uma empresa privada tem mais eficiência para tirar uma obra do papel com mais rapidez."
O presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, comemorou o caminho escolhido pelo governo. A concessão dos aeroportos era uma bandeira levantada pela entidade há alguns anos. "Estamos muito otimistas. Agora temos de estabelecer marcos regulatórios para abrir novas fronteiras."
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