A dependência da GOL de receita em reais proveniente do mercado doméstico torna a empresa mais vulnerável à alta do dólar, que já chega a 15% este mês
O rendimento dos papéis da GOL em dólar com juros de 9,25 por cento e vencimento em 2020 disparou 1,23 ponto percentual na última semana, para 12,08 por cento, ou 2,80 pontos percentuais em relação aos títulos com prazo semelhante da TAM, segundo dados compilados pela Bloomberg. O salto dos juros pedidos pelo mercado para papéis da GOL se comparam a 0,36 ponto percentual durante o mesmo período para companhias aéreas internacionais acompanhadas pelo Bank of America Corp.
A dependência da GOL de receita em reais proveniente do mercado doméstico torna a empresa mais vulnerável à alta do dólar, que já chega a 15 por cento este mês, do que a TAM, que teve 31 por cento das suas vendas em 2010 com origem em voos internacionais.
A receita atrelada ao dólar que a TAM obtém com voos com destinos fora do Brasil serve como uma melhor proteção contra a elevação dos custos com combustível e com a dívida em moeda estrangeira, disse Jose Vertiz, analista da Fitch Ratings Ltd.
“Como a GOL é basicamente orientada pelo mercado doméstico e as receitas são mais dependentes da moeda local, ela vai ser mais afetada enquanto essa tendência piorar” para o real, disse Vertiz em uma entrevista por telefone. “Ambas companhias tem um alto percentual de receitas em moeda local, mas, no caso da TAM, existe mais diversificação.”
Crescimento global
O real teve a segunda maior queda em relação ao dólar este mês entre as moedas de mercados emergentes, só atrás do rand sul-africano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Investidores estão rejeitando ativos de maior rendimento em meio ao desaquecimento da economia global e à piora da crise de dívida na Europa. Na semana passada, o Banco Central tomou iniciativas para sustentar o real pela primeira vez desde 2009, por meio do leilão de contratos de swap cambial, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro.
A GOL gerou 94 por cento da receita no Brasil no ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg. A empresa informou em 11 de agosto que o prejuízo se ampliou para R$ 359 milhões no trimestre encerrado em 30 de junho, comparado a uma perda de R$ 51,9 milhões um ano antes. O presidente da GOL, Constantino de Oliveira Jr., afirmou em comunicado em 11 de agosto que o prejuízo foi causado por um aumento excessivo na concorrência, que levou à diminuição dos preços das passagens.
A GOL não quis fazer comentários sobre o desempenho dos títulos da empresa, segundo a assessoria de imprensa que representa a companhia.
Fonte: Exame/Abril
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