Após duas acelerações, a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em setembro apresentou crescimento estável, fechando o mês em 0,37% em Fortaleza, mesmo valor anotado em agosto. Mesmo sem ter arcado com uma elevação mais robusta no mês passado, o consumidor da Capital amarga a segunda maior alta de preços acumulada nos últimos 12 meses entre as cidades analisadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): em média, os itens adquiridos subiram 7,77% no período. O percentual segue bastante acima do limite de controle estipulado pelo Banco Central para a inflação, que é de 6,5%. Apenas Curitiba, que assinala mais de 8,3% de variação possui, um índice superior. Brasília (7,62%) fecha o pódio. Já no acumulado de janeiro a setembro, o IPCA de Fortaleza se situa em 4,66%.
Cláudio Shikida, professor do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), não acredita, ao menos em um horizonte próximo, em queda nos preços. "Estamos bem acima da meta (do BC) e os sinais que o governo tem dado, com redução de juros (baixando a Selic de 12,5% para 12%) e com essa intenção clara de manter a economia aquecida não fazem crer em inflação menor. O consumidor deve pagar", analisa.
Alimentos
Para o resultado do mês passado, o grupo de alimentos e bebidas impediu que houvesse uma ascensão mais forte nos preços. Enquanto em outras capitais, como Curitiba e Goiânia, subiu mais de 1%, em Fortaleza o incremento foi de 0,42%. Os legumes, por exemplo, ficaram, em média, 6,3% mais baratos em setembro, enquanto hortaliças e verduras caíram 3,2%. No entanto, em 12 meses, os valores dos produtos alimentícios subiram 10,75%.
Vestuário segue em alta
Os vestuários continuam com as elevações mais intensas, aumentando 1,01% em setembro e somando mais de 20% em 12 meses. Para se ter uma noção de quanto mais está sendo gasto com esses itens, de acordo com o IBGE, as roupas femininas já estão 32% mais caras no comparativo com o ano passado. Saúde e cuidados pessoais também ficaram mais caros para o fortalezense: 0,37%. Os serviços médicos e laboratoriais tiveram um incremento de 0,60%.
Maior desde 2005
No País, a inflação medida pelo IPCA acelerou para 0,53% em setembro. No acumulado de 12 meses, a taxa subiu para 7,31%, o maior patamar desde maio de 2005. O resultado afastou-se ainda mais do teto da meta fixada pelo governo para a inflação oficial em 2011 (6,5%).
Serviços
O aumento nos preços dos alimentos tem impulsionado a inflação em 12 meses, mas o setor de serviços também tem sido um fator importante de pressão, segundo Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
"Acho que o governo está correndo um sério risco de estourar o teto da meta neste ano. Há possibilidade de nos próximos dois meses a inflação vir mais alta", afirmou a diretora da Casa das Garças, Monica Baumgarten de Bolle, sócia da Galanto Consultoria. O economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho, afirma que a inflação em 12 meses vai desacelerar a partir de outubro. "Não só em 2011, como em 2012, não vai ser cumprida a meta (de inflação de 4,5% ao ano). Esse ano tende a superar o teto", disse Velho. "O BC, não é que ele tenha abandonado a meta, mas está alargando um pouco o prazo do cumprimento".
PARA IBGE
Dólar alto ainda não impactou nos preços
Contratos firmados a valores antigos impediram que a moeda americana mais cara refletisse no IPCA
Rio. A valorização do dólar em setembro ainda não impactou a inflação medida pelo IPCA, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "O dólar no último mês aumentou de forma bastante forte, mas esse impacto ainda não é visível nos resultados de setembro. Podemos até pensar que nos resultados das passagens aéreas haja algum efeito do dólar, mas os outros efeitos de demanda são muito mais fortes", afirmou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
Passagens aéreas
As passagens aéreas foram o item de maior impacto na inflação do mês (0,09 ponto porcentual), após um aumento registrado de 23,40%.
"As passagens aéreas têm uma forma diferenciada de cobrança. Dependendo da demanda, as empresas retiram as tarifas mais baratas. E nesse mês de setembro houve vários eventos, como feriado e Rock in Rio, que fizeram com que os preços se elevassem", explicou Eulina Nunes dos Santos. A coordenadora do IBGE conta que o efeito do aumento do dólar é sentido mais de imediato no preço dos alimentos.
Estoques aliviam bolso
"O tempo para o impacto não sabemos, porque, em geral, não é no mesmo mês (em que ocorre a valorização), porque há estoques e contratos firmados a preços antigos", contou.
"Embora se possa ter reflexos já ocorrendo no atacado, até chegar ao varejo existe uma diferença, não só no tempo, como também se vai chegar ou não. Vai depender da demanda e de como ele vai conseguir botar o produto a um novo preço".
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