segunda-feira, 12 de setembro de 2011

0 Mecado define investimentos para aeroportos nacionais



Segurança, tecnologia, crescimento sustentável e privatização foram temas tratados durante seminário internacional da Airport Infra Expo


Integração entre aeroporto e cidade, tecnologia, segurança, crescimento sustentável de complexos aeroportuários e modelos de privatização são temas recorrentes quando se trata da preparação do Brasil para lidar com a alta demanda pelo transporte aéreo e para organizar os eventos esportivos dos quais será sede nos próximos anos.

A complexidade é intensa porque o tema é multifacetado já que interfere em diversos aspectos: Do econômico ao social, do logístico ao científico. Essa diversidade de elementos complementares ficou evidente na primeira edição do Seminário Internacional de Infraestrutura Aeroportuária da América Latina, realizado em São Paulo, durante a Airport Infra Expo, este ano.

Mais de oitenta palestrantes internacionais se reuniram para analisar o atual cenário da indústria aeroportuária da América Latina, especialmente do Brasil, e propor novas diretrizes para solucionar os gargalos já identificados. Uma das conclusões a que chegaram palestrantes e público presentes é que o tempo é escasso para tamanha urgência, mas que, frente ao desafio, não resta ao país nada mais que arregaçar as mangas e começar a desenrolar esta novela.

O primeiro passo, disseram os especialistas, é fazer com que as diferentes forças atuantes interajam de forma produtiva e complementar, fazendo o processo de passageiros nos aeroportos mais fluídos e eficientes.

Na seqüência, a introdução da tecnologia, seja em equipamentos ou em processos, em cada uma das etapas, fazendo-as interligadas, comunicando-se de maneira a constituir um único processo, facilitando o seu controle, a sua aferição e, por conseqüência, sua qualidade.

E, finalmente, a disposição – sine qua non – de todos os envolvidos a cederem em parte para ganhar no todo, ou seja, uma postura propícia ao consenso em prol do desenvolvimento do transporte aéreo.

Aeroporto-cidade

Para falar sobre a questão da integração entre aeroporto e cidade, questão relevante para aeroportos em fase de expansão, como é o caso do Brasil, que se prepara para lidar com um aumento inédito no número de usuários, o CEO do Aéroports de Paris Management, Jean Marie Chevallier empregou sua experiência para argumentar que a expansão dos complexos aeroportuários implica na inclusão de atividades comerciais dentro ou nos arredores do aeroporto que complementam os serviços primários para dar mais conforto e comodidade aos passageiros, otimizando o tempo gasto nos terminais.

“Há uma atração imediata dos investidores quando o assunto é aeroportos em função do rápido acesso e do intenso fluxo de consumidores que transitam nele. Hoje em dia, os aeroportos estão se transformando em pequenas cidades, com intenso desenvolvimento de atividades não ligadas à aviação”, comenta.

Um exemplo disso é o aeroporto de Incheon, que se transformou no principal aeroporto do mundo em apenas 10 anos, apostando principalmente no tríduo velocidade, conveniência e segurança: A agilidade foi garantia baixando de 60 para 16 minutos o processo de partidas e de 45 para 12 minutos as chegadas; A segurança ganhou eficiência por meio de sistemas com tecnologias modernas, processo eficientes e pessoas treinadas.

Um diferencial inusitado, contudo, é o modo como Incheon apostou na conveniência, transformando-se em um espaço cultural. De acordo com o CEO CW Lee, cerca de 33 milhões de passageiros usam o aeroporto e, em função da redução do tempo no processo, foi registrado US$ 1,3 bilhão de receita em vendas na área comercial, terceiro melhor resultado do mundo.

“Queremos que os passageiros sintam-se confortáveis e para isso oferecemos a maior quantidade possível de serviços. Para nos diferenciar dos outros aeroportos, implementamos o conceito de aeroporto cultural: Temos mais de 400 eventos culturais por ano”, conta Lee.

Atualmente, o aeroporto passa por um processo para se transformar em um “Aircity”. Lee explica: “Começamos a desenvolver o conceito de Aircity com um centro de convenções, shopping Center, parque aquático e estamos em negociação com uma importante rede de resorts para construir um novo empreendimento”.

Já Chevallier ressalta a necessidade de integrar o crescimento do aeroporto com seu entorno. Ele cita o caso do Charles de Gaulle, distante 30 km do centro de Paris, com tamanho equivalente ao dobro do de Guarulhos. Criado em 1964, o aeroporto já chegou a atender a 61 milhões de passageiros em 2008, pouco antes da crise. Hoje é o principal hub da Europa, com quatro pistas e três terminais, ainda com planos de expansão.

“A estrutura [do aeroporto] está submetida à política local em questões como meio ambiente, ruído, emissões de gases poluentes, emprego de mão de obra local e transporte público. O desenvolvimento da cidade-aeroporto é uma condição imposta pelos distritos para a expansão”, conta Chavallier.

Concessões

Assunto que ainda divide opiniões no cenário brasileiro, a concessão de aeroportos carece de um modelo adequado; Esse foi o foco da palestra do chefe de aeroportos da IATA, David Stewart, com experiência de quase 30 anos na execução de planos diretores. Para ele, existem dois modelos básicos, ambos com casos bem sucedidos e outros nem tanto: A venda completa dos ativos e a concessão por longo período de tempo, “que tende a ser muito benéfico pela contínua receita que gera para o governo”, recomenda.

O principal fator para o sucesso da concessão, segundo Stewart, é saber avaliar e quantificar o que se pretende com a ação. “Definir um objetivo é mandatório para o planejamento de um modelo de relacionamento com a iniciativa privada”, diz. Além disso, um plano diretor, ele acrescenta, ajuda a evidenciar o potencial do aeroporto, mas é preciso evitar o detalhamento excessivo na proposta de licitação: O excesso de imposições pode tornar a obra impraticável. Para evitar erros, uma boa saída é recorrer à expertise dos aeroportos internacionais e “consultar os players do sistema” para se ter uma criteriosa atitude quanto aos investimentos para evitar surpresas.

“Deixem os especialistas decidirem como entregar, apenas especificando claramente o que se espera do aeroporto, o nível de serviço, o número de funcionários, a velocidade de processamento, usado padrões e benchmarcks internacionais para definir como se espera que o aeroporto funcione e deixem que os especialistas sugiram como fazer isso”, orienta.

Tecnologia aplicada à segurança

Entender as especificidades do país é também uma prerrogativa para a adoção de tecnologia que gerem mais segurança e comodidade aos passageiros. Cada região tem demandas específicas de segurança que devem ser consideradas. Desde os ataques terroristas de 11 de Setembro, por exemplo, as tecnologias aplicadas à segurança modernizaram-se vertiginosamente. Entretanto, nem todas são adequadas ao Brasil, onde o risco de seqüestro de aviões é muito baixo.

O executivo Eduardo Parodi, diretor de vendas e marketing para América Latina e Caribe da Smiths Detection, empresa de equipamentos de segurança, enfatizou que é preciso entender o que o Brasil precisa em termos de segurança e detectar o nível de ameaça existente para oferecer as melhores soluções a passageiros e à infraestrutura dos aeroportos.

Ele enfatizou que privilegiar o preço ao se adotar novas tecnologias é um erro: “Precisamos encontrar a melhor relação entre custo e benefício para os requisitos propostos. Nenhum passageiro quer entrar em um aeroporto e perceber que nove das 10 máquinas de raios-x não estão em funcionamento, porque o governo comprou as mais baratas”.

Para se garantir a segurança em um aeroporto é antes necessário que haja boa fluidez de passageiros, quesito que deve ser igualmente considerado, conta Parodi. “O check point do futuro seria um sistema que permitisse um fluxo contínuo de passageiros e que mantivesse a segurança de todos”.

Das tecnologias em desenvolvimento, Parodi destaca o escaneamento remoto, o sistema de inspeção com múltiplos ângulos para cargas e raio-x para pessoas. “É preciso sempre ter em mente como maximizar o uso dessas tecnologias, reduzir o espaço físico necessário, diminuir o número de pessoas envolvidas na operação e criar mais eficiência”.

Mudanças climáticas

De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o setor de aviação é responsável por 2% da emissão de CO² provocada pelo homem. A percentagem pode parecer baixa, mas dado o alto crescimento previsto para o setor, a escala de aumento pode ser alarmante.

Medidas para aumentar a eficiência de aeronaves e reduzir emissão de carbono já estão em prática. Aviões com motores mais eficientes, como por exemplo o Airbus A380 que emite a mesma quantidade de CO² por 100 passageiros por quilômetro que um automóvel pequeno, são ações interessantes, mas que isoladas não geram o efeito necessário.

Por esse motivo, a indústria aeroportuária mundial se reuniu em 2008 em Genebra, Suíça, para assinar um acordo sobre mudanças climáticas; No ano seguinte desenvolveu-se um programa baseado no Protocolo de Kyoto visando à neutralidade de Carbono na atividade aeroportuária.

“Em 2009, apenas 17 aeroportos se interessaram. Hoje são 43, representando 43% do tráfego aéreo na Europa; Já totalizamos uma economia de 749 mil toneladas de CO² e assumimos o desafio de ganhar 1,5% ao ano em eficiência de combustível entre 2010 e 2020. No final do período, seremos 17% mais eficientes. Nenhum outro setor no mundo se comprometeu desta maneira”, comenta o diretor de iniciativas ambientais IATA, Paul Steele.

Outra solução apontada por pesquisas para a redução de impactos foi a utilização de biocombustíveis. Steele prevê que até o fim deste ano haverá uma proporção igual entre as duas opções de combustíveis.

Desafios

Um consenso entre os participantes do seminário foi o sucesso do empreendimento, realizando num momento crucial para a indústria aeroportuária brasileira, o que cumpre com maestria a proposta original do evento, que era reunir alguns dos principais especialistas do mundo para propor soluções para o setor.

O desafio agora é levar adiante o que foi discutido nos 18 painéis envolvendo os vários participantes da cadeia para que de fato se coloque em prática a missão da Airport Infra Expo, que é catalisar o desenvolvimento do setor aeroportuário na América Latina.


Fonte: Airport News


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