quinta-feira, 8 de setembro de 2011

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Falta de infraestrutura e morosidade nos processos de liberação penalizam a eficiênia do transporte aéreo de cargas.

A expansão econômica experimentada pelo país nos últimos anos tem proporcionado o crescimento da indústria ao mesmo tempo em que evidencia gargalos que podem atravancar as oportunidades. Esses efeitos são facilmente diagnosticados no transporte aéreo de cargas: Requisitado para importação, exportação ou mesmo movimentações no mercado doméstico, o serviço vivencia um crescimento inédito, mas empresas do ramo têm que lidar com desafios urgentes que podem comprometer a qualidade do serviço prestado no país.

Para debater o assunto a AmCham (Câmara Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos) realizou em Maio um seminário com representantes da Infraero e das empresas Gollog e DHL que se reuniram para analisar o cenário atual e propor soluções para o setor.

Eficiência

Coordenador regional de logística de cargas da Infraero, Luiz A. Félix apresentou o programa de eficiência logística que a estatal desenvolve com o intuito de atingir os mais altos padrões internacionais e preparar as empresas nacionais para o mercado global.
"Na última década o setor cresceu 122%, com provisões de aumento da ordem de 5 a 7% ao ano nos próximos 5 anos. Temos que melhorar sim, não pela Copa do Mundo apenas, mas pela forte pressão da economia internacional que se instala aqui", argumentou.
A Infraero é hoje responsável pelo gerenciamento de 67 aeroportos, montante que engloba 34 terminais de carga, 30 que atuam com importação, 24 com exportação, 13 com foco em transporte de carga nacional e quatro habilitados para serviços de remessa expressa.
A variedade de cargas impressiona: Por via aérea são transportados fármacos e produtos químicos que exigem refrigeração especial, cargas radioativas, cargas declaradas valiosas e cargas vivas que devem ser submetidas a quarentena para entrar no país.

Investimentos

Parte dos investimentos feitos hoje em aeroportos favorece diretamente o transporte de carga. Para os próximos anos está prevista a criação de um terminal no aeroporto de Curitiba (PR), já em andamento, orçado em R$ 25,7 milhões, enquanto no Galeão (RJ) serão investidos R$ 26,1 Milhões; em Goiânia (GO), um novo complexo logístico receberá R$ 22,7 milhões e outros R$ 45,4 milhões serão destinados para o complexo logístico de Brasília (DF), além de R$ 135 milhões para obras no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), e R$ 69,5 milhões para um novo terminal de cargas em Guarulhos (SP).

Dois aeroportos que devem receber maior atenção são Guarulhos e Viracopos. Este recebe 3,6 toneladas de carga por pouso. Já Guarulhos tem 236% mais pousos e decolagens, 394% mais passageiros e, no entanto, apenas 46% a mais de carga que o aeroporto de Campinas. O Investimento é necessário já que, na Copa, por exemplo, as aeronaves virão com um grande volume de cargas.

De acordo com Félix, um dos desafios da Infraero no universo de carga aérea é harmonizar o relacionamento entre 49 mil clientes, 640 agentes de carga, 250 companhias aéreas e oito órgãos reguladores. "Identificamos recentemente 2 mil atendimentos não programados ou retrabalhos, frutos da falha na comunicação do processo. Já tomamos várias iniciativas, como o regime de desembaraço expresso, uma instrução normativa da Receita Federal que nasceu na Infraero para que clientes pudessem ter esse benefício".

Regulamento

Embora os investimentos estejam em curso, quem depende do modal aéreo para o transporte de carga é penalizado pela conhecida morosidade do processo de liberação. O gerente de operações aéreas da DHL no Brasil, Gustavo Santi, aponta como prioridade a simplificação do regulamento aduaneiro, a exemplo de modelos sul-americanos já adotados que beneficiaram transações comerciais nesses países. "Há experiências na Colômbia e no Chile que reduziram drasticamete o tempo que a carga fica no aeroporto, da chegada à liberação. Aqui a regulamentação aduaneira é muito antiga; Uma divergência de peso de alguns gramas para uma linha de produção por três ou quatro dias", conta.

Outas sugestões apontadas por Santi foram automatizar o sistema de desembaraço e modificar o sistema de liberação de carga, aumentando o volume de Canal Verde. "Uma forma de se fazer isso é tentar focar nas pequenas empresas, assim é possível deixar um grande volume em Canal Verde e isso ajuda. O processo no Canal Vermelho em Guarulhos pode levar até 15 dias", justifica.

Atrativos

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Internacional Logistics, são cinco os atributos que o cliente busca no modal aéreo: Segurança; Confiabilidade; Consistência; Preço justo e Velocidade. O diretor de cargas da Gollog, Carlos Figueiredo Santos, adverte, entretanto, que a atual situação dos aeroportos nacionais compromete justamente a agilidade do modal. "Qual a representatividade do modal aéreo? Em volume, menos de 2%, mas em valor, o transporte aéreo é responsável por movimentar 35% em todo o mundo. O segmento deveria ser melhor atendido. Falta vontade política e gerencial para adequar a demanda. Em Guarulhos, por exemplo, há 38 mil metros quadrados não utilizados para operação de carga", reclama Santos.

O executivo da Gollog é enfático em afirmar que não há tempo a peder. Para ele, seria útil se fosse adotada uma análise parcial da cadeia, segmentando as etapas e ganhando mais fluência. "Estamos atrasados. A previsão é que o mercado de carga aérea multiplique os volumes por três nos próximos anos", alerta.


Fonte: Airport News

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